ANO XVII

ANO XVI - Dezesseis anos informando sobre o mundo do trabalho

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

QUEDA NO SALDO DE VAGAS FORMAIS EM OUTUBRO (ou forte recuo na criação de vagas formais)

Desde 2008 não se tinha índices tão baixos na criação de vagas. É o pior mês de outubro neste período (2008-2012). A queda foi de aproximadamente 50% em relação a outubro de 2011. Um resultado que requer atenção. Os setores que mais perderam postos de trabalho foram a Agricultura e a Construção. Nos demais setores, Comércio, Indústria e Serviços, houve criação de vagas, mas em número muito reduzido. O crescimento na Indústria começa a reverter a situação anterior de queda, mas ainda não mostra uma tendência consolidada, já que a economia apesar de estar em crescimento anda a passos de tartaruga.

Analistas do Ministério do Trabalho apontam como principal causa desse resultado a alta rotatividade de trabalhadores, mas eu não acredito que esse seja o principal motivo, já que o quadro do mercado do trabalho não se alterou muito nos últimos três anos. O nível de emprego está estável já há algum tempo com pequenas variações para cima e para baixo, refletindo na realidade a evolução da economia. Como já explicamos em postagens anteriores, não é correto dizer que estamos em situação de pleno emprego, pois além do aspecto técnico do termo, o país é muito grande e apresenta diferenças enormes nas características do emprego em cada região. Há ainda a questão da economia internacional, com a crise na Europa, refletindo na queda da exportação brasileira para esses países, fazendo com que exportadores diminuam suas produções e se voltem ao mercado interno, mudando sua matriz de mercado, mudando o quanto e como realizam seus investimentos.

Podemos afirmar ainda, que o mercado de trabalho está em transformação. O desemprego é menor do que era há anos atrás, os tipos de emprego mudaram em vários setores, o empregado está mudando! Os locais onde está o emprego estão mudando, com empresas migrando para o Norte, Nordeste e Centro Oeste, por exemplo, devido aos custos menores (ver artigo sobre Call Center publicado em 19/11/2012). E assim as políticas públicas de emprego também têm de estar em transformação e entender que o problema principal atual não é o desemprego por falta de vagas.

O IBGE apontou em outubro a menor taxa de desemprego ndos últimos 10 anos (5,3%), mas temos também em outubro a pior taxa de criação de vagas. Para que não se confunda as duas informações é importante ressaltar que com a economia em baixo crescimento, novas vagas NÃO SÃO CRIADAS, mas as vagas já existentes começam a ser ocupadas em maior escala. Essa situação mostra algo interessante: o tamanho do mercado de trabalho brasileiro está chegando ao seu limite em relação ao nível econômico.