ANO XVI

ANO XVI - Dezesseis anos informando sobre o mundo do trabalho

sábado, 27 de julho de 2013

DICAS SOBRE ENTREVISTA DE EMPREGO - entrevista com Claudia Fermino


Caros leitores,

Realizamos esta semana uma entrevista com a Supervisora de Intermediação de Mão de Obra do Centro de Apoio ao Trabalho da Cidade de São Paulo, um dos maiores centros públicos de emprego do Brasil, e que dará aqui sua contribuição com informações e dicas de comportamento na busca por oportunidades de trabalho, principalmente no momento da entrevista de emprego.

O MUNDO DO TRABALHO: Claudia, vocês atendem milhares de pessoas mensalmente. Sabemos que muitos trabalhadores que buscam oportunidades de trabalho têm dificuldades para achar seu espaço. Porque isso acontece?

Claudia Fermino: Muitos desses trabalhadores preenchem todos os requisitos para a vaga, como experiência ou cursos realizados, mas cometem erros durante a entrevista, por exemplo, que comprometem seu desempenho no processo seletivo e muitas vezes sendo determinante para sua exclusão do processo.

O MUNDO DO TRABALHO: Então não basta ter capacidade e experiência para preencher a vaga?

Claudia Fermino: É preciso também apresentar qualidade e outras habilidades, principalmente comportamentais.

O MUNDO DO TRABALHO: E você pode dar dicas aos nossos leitores?

Claudia Fermino: Alguns cuidados são essenciais para não perder pontos na hora "H". Por nervosismo, ou mesmo despreparo, muitos candidatos acabam desperdiçando oportunidades à toa. Planejar o que vai fazer é fundamental! No momento da entrevista, cumprimente o entrevistador com um aperto de mão firme e memorize seu nome. É importante manter uma fisionomia alegre e não demonstrar impaciência.

O MUNDO DO TRABALHO: esse momento inicial é muito importante?

Claudia Fermino: Sim. É aquela coisa de causar uma boa impressão logo no primeiro contato.  Algumas pessoas perdem chances por parecerem desinteressados e não prestar atenção ao que está sendo pedido. Se houver alguma dúvida, deve ser perguntado ao entrevistador. Então, ao sentar-se, mantenha uma postura reta. Esparramar-se de qualquer jeito na cadeira pode deixar uma impressão de preguiça, o que não é desejável para um candidato. Não coloque objetos pessoais sobre a mesa do entrevistador tais como bolsas, mochilas, pastas etc. A mesa é um território dele e não deve ser invadido. Mantenha seus pertences no colo. Não se debruce sobre sua mesa, não mexa em suas coisas e nem tente ler papeis que estão à vista. Se o telefone tocar, não preste atenção à conversa. Entrevistadores não gostam de candidatos “enxeridos” (risos).
Agora, durante a entrevista propriamente dita, quando tiver a oportunidade de falar, lembre-se que o entrevistador quer ouvir o que você tem a dizer e esta é sua chance de impressioná-lo. Respostas monossilábicas como “sim”, “não” e “é” não vão ajudar a mostrar como você pode ser importante para a empresa. Tente argumentar e interagir com o entrevistador. Mostre seu potencial e os diferenciais que você tem em relação aos concorrentes. Converse olhando de frente e pense antes de falar, evitando responder precipitadamente.

O MUNDO DO TRABALHO: Este momento da entrevista inicial é crítico para quem está concorrendo a vaga. Como lidar com esse nervosismo?

Claudia Fermino: Se estiver muito tenso, pode falar como está se sentindo. Com isso, você quebrará o gelo e se sentirá mais calmo. Mencionar isso para o selecionador não irá prejudicar o candidato na entrevista. Ao falar sobre si mesmo não se supervalorize. Isso pode levar o entrevistador a tentar lhe provar que você não é tão bom assim, além de criar uma imagem que muitos consideram antipática. Entretanto, não se subestime nem seja negativo. É importante ser humilde, mas confiante. Mantenha a calma mesmo em situações difíceis. Uma resposta ríspida ou grosseira pode eliminar suas chances de sucesso na entrevista.

O MUNDO DO TRABALHO: O nervosismo durante a entrevista pode levar o candidato a querem falar muito. Isso prejudica?

Claudia Fermino: É importante responder com objetividade. Responder somente aquilo que foi perguntado, pois o nervosismo ou mesmo querer demonstrar “conhecimento” pode levar a dizer coisas deslocadas e que não interessa ao entrevistador. Isso pode prejudicar. Um erro freqüente é tentar inventar respostas quando o entrevistador faz alguma pergunta sobre o assunto que você desconhece. Se você não souber, é melhor dizer “Eu não sei”. Ao dar uma resposta errada você perde sua credibilidade. Também é bom evitar dar opiniões sobre política e religião, por exemplo. Esses assuntos são muito polêmicos e nunca se sabe como a outra pessoa pensa. Limite-se a responder o que está sendo perguntado, evitando prolongar o assunto contando casos pessoais. A menos que seja necessário e pertinente, evite usar um vocabulário muito técnico. Ainda, evite falar mal do seu último emprego, do seu ex-chefe, ou comentar assuntos confidenciais da empresa anterior, pois isso pode levar à interpretação de que você está cuspindo no prato que comeu, o que não deixa uma boa impressão.

O MUNDO DO TRABALHO: Claudia, muito obrigado pela entrevista e sei que há muito mais dicas para as pessoas que buscam uma oportunidade no mercado de trabalho, e espero poder contar com você em outras oportunidades.

Claudia Fermino nos concedeu uma entrevista com dicas sobre entrevista de emprego em 2012 no programa TVDesenvolver, onde disponibilizamos aqui o link para que você possa assistir.



Por Nelson Miguel Junior




terça-feira, 23 de julho de 2013

MUDANÇA NO PARADIGMA DO EMPREGO

Como já comentamos em postagens anteriores, o paradigma do emprego mudou (pelo menos aqui no Brasil). Assim, analisando o mercado de trabalho, podemos afirmar que vivemos uma época muito diferente a de 10, 15 ou 20 anos atrás. Nesses períodos aconteceram muitas mudanças nos modelos econômicos e produtivos, com consequências importantes para os dias de hoje.  Não pretendo aqui falar sobre os aspectos históricos disso tudo, mas sobre as consequências. Não me canso de falar aqui que o mercado de trabalho é maior ou melhor em função do momento econômico, ou seja, quanto mais a economia se aquece, maior é o número de empregos, de oportunidades e também a qualidade dos empregos. Hoje, com a economia em melhor situação do que há 20 anos, o desemprego deixou de ser um problema importante para o país e para a população. Podemos perceber isso pelo noticiário, onde os cadernos de economia, por exemplo, não tratam mais essa questão, a não ser por ocasião de temas específicos que surgem. Então, qual é o problema nos dias de hoje?
O Brasil é muito grande e diferente regionalmente. São aspectos culturais, econômicos, produtivos, climáticos, etc. Há um mundo diferente em cada canto e assim, uma região com forte pujança econômica e produtiva como o Sudeste, se contrapõe com alguns estados do Nordeste. E nessa característica surge uma situação na questão do emprego muito diferente em cada um desses lugares. Enquanto na região mais “evoluída” o problema do emprego é conseguir profissionais melhores capacitados, atualizados com a tecnologia e discutindo qualidade de vida, outros ainda vivem a possibilidade de “sair da caverna”, do emprego análogo à escravidão ou ainda conseguir um emprego com carteira assinada.
O grande desafio do país nos dias de hoje, é encontrar e executar políticas públicas eficientes, promover educação básica e profissional, atendendo a demanda atual e futura. O Brasil perde uma enormidade de oportunidades (causando sofrimento em sua população) quando deixa de proporcionar educação adequada em sua base, na formação de técnicos (principalmente) de nível médio e resgatando trabalhadores que outrora foram muito requisitados, mas não conseguiram acompanhar a evolução dos últimos anos e hoje estão alijados da cadeia produtiva. Às vezes me sinto pessimista em relação a isso, que iremos perder o bonde da história novamente e nunca sairmos do atraso em que sempre vivemos, atrás de outros países com menos recursos inclusive. Penso nos trabalhadores que de certa forma se iludem com o bom momento, mas que num futuro não muito distante, correm o risco de perder tudo no primeiro abalo da economia, de ruírem como um castelo de cartas.

O novo paradigma do emprego exige a busca constante por aprendizado, informação, capacitação profissional e sem esquecer-se da educação formal. A conquista de espaço profissional, das melhores oportunidades, das melhores condições de trabalho, dos melhores salários e benefícios passam necessariamente pela evolução dos profissionais e cabe a cada um cuidar disso individualmente e também cuidar coletivamente para que aqueles que comandam a economia indiquem os caminhos corretos para o país. Aos empregadores cabe também colaborar na evolução dos profissionais, já que em algum momento seu empreendimento pode sofrer consequências desastrosas pela falta de gente preparada para os tempos de hoje. A “luta de classes” é coisa que está ficando no passado, empregado e empregador hoje devem se aliar, são sócios! Quando um ganha o outro também deve ganhar e assim ambos trabalham para o sucesso! Não é a toa que menciono isso. A cada dia percebemos que os sindicatos, por exemplo, não conseguem mais mobilizar o tanto de trabalhadores de antes, mesmo com uma estrutura muito maior e mais poderosa. Isso acontece porque o tema do desemprego (sua grande bandeira) está esvaziado e ainda não acharam novos temas importantes e capazes de mobilizar uma população de trabalhadores. O paradigma mudou e quem não perceber isso está fadado a fracassar, sejam trabalhadores, empregadores ou poder público. 

Por Nelson Miguel Junior