A nova metodologia do IBGE para
medir a taxa de desemprego (PNAD Contínua) está mostrando números bem
diferentes da metodologia antiga (PME - Pesquisa Mensal de Emprego) e ainda
levanta outros pontos interessantes. Os resultados finais só serão apresentados
no final do ano, mas resultados parciais já estão sendo divulgados. Além da
taxa de desemprego que foi “atualizada” de 5,9% para 7,4%, foi possível “descobrir”
que as taxas de desemprego no Nordeste são bem mais altas do que se dizia. A
questão aqui não é saber que a taxa de desemprego no NE é alta, mas sim, o porquê
é alta, já que a região recebeu muitos investimentos nos últimos anos e a taxa
deveria ter diminuído. A pesquisa não analisou os motivos, mas podemos estabelecer
algumas hipóteses. Se as oportunidades de trabalho aumentaram no NE, porque o
desemprego é tão alto? Neste caso, a hipótese é o descompasso entre as ofertas
de emprego que exigem trabalhadores melhor preparados e a baixa escolaridade e
capacitação/qualificação profissional desses trabalhadores. Nesta região, 42%
das pessoas ocupadas não têm o ensino fundamental completo e 34% dos
desempregados também não concluíram o ensino fundamental, o que é um índice
altíssimo mesmo para os padrões brasileiros. São ainda 44% de pessoas em Idade
de Trabalhar que estão fora do mercado de trabalho. O IPEA – Instituto Econômico
de Pesquisa Aplicada – apontou que a Força de Trabalho na região está
diminuindo a cada ano. Outra hipótese é o alto número de pessoas que vivem de
benefícios sociais como o “Bolsa Família”. Mais de 50% dos nordestinos vivem desse
benefício. Portanto, essa contradição na região, onde há oportunidades de
emprego mas que não são ocupadas, podem estar mostrando que o problema não são
os investimentos econômicos na região para criar empregos, mas sim a falta de
estrutura e infraestrutura generalizada que dificultam o desenvolvimento. A
baixa qualificação e a baixa escolaridade parecem aqui, serem motivos fortes
para vagas não preenchidas e uma das mais baixas produtividades do país.