Muitas pessoas com dificuldade de conseguir uma oportunidade
de trabalho tende, a certa altura, buscar “culpados” pelas dificuldades. Essa
dificuldade pode estar acontecendo por fatores de mercado, onde há mais
candidatos do que vagas naquele segmento ou região geográfica; pode ocorrer por
questões pessoais do candidato, como falta de preparo técnico ou mesmo
comportamental, e ainda em não saber como procurar trabalho.
Em grupos que participo nas redes sociais vejo muitas pessoas
que estão com essa dificuldade reclamar que “se não for indicado, você não trabalha”. Isso em parte é verdade,
mas as pessoas que reclamam entendem isso de forma distorcida, como se essa
indicação fosse por “nepotismo”, uma indicação apenas por ser amigo ou parente.
E não é esse tipo de indicação, popularmente chamada de Q.I. (Quem Indica), que
ocorre.
Hoje em dia, grande parte das contratações, que em alguns
casos chega a 90%, é realizada por meio de indicações de funcionários das
empresas e muitas empresas adotam e incentivam essa prática. Normalmente isso
ocorre porque o funcionário da empresa conhece como é a empresa e também
conhece a pessoa que poderá ser indicada, possibilitando uma maior segurança no
processo de contratação. Isso não significa que o candidato indicado não terá
que passar pelo processo seletivo com as entrevistas e testes de praxe.
Já me aconteceu estar em situação de poder indicar alguém onde
eu trabalhava e em algumas fiz a indicação e outras não. Uma das vezes fiz a
indicação de um amigo que se encaixava perfeitamente à vaga e em outra, apesar
do outro amigo que pensei em indicar, embora fosse extremamente capaz e excelente
para aquele trabalho, eu sabia que ele não permaneceria por muito tempo no
emprego, pois tinha outros objetivos e então eu estaria ajudando o amigo
naquele momento, mas estaria prejudicando a empresa. Assim, até mesmo aquele
que indica, não pode e não deve indicar apenas pela amizade.
Sempre falo sobre isso quando dou palestras sobre o tema “Mercado
de Trabalho”. Falo sobre o “networking” e avisar seus amigos e conhecidos que
você “está na pista” em busca de oportunidade de trabalho e são esses amigos e
conhecidos que são o seu “Q.I.” (quem indica). É sempre uma pessoa dessa que
irá se lembrar de você (caso se encaixe) quando abrir uma vaga na empresa onde
ele trabalha. Para se ter uma ideia, a busca de trabalho pela internet por meio
de sites de emprego e mesmo das empresas, a cada cem currículos recebidos
apenas 1 é chamado. Já pelas indicações de amigos e conhecidos, a cada dez
currículos um é chamado.
Portanto, não interprete o Q.I. na busca por uma oportunidade
de emprego, como algo nocivo (salvo aquelas indicações políticas de “apaniguados”).
Faça-se lembrar pela sua competência, profissionalismo, pelas suas qualidades,
enfim. Assim sua busca se tronará menos difícil.
Por: Nelson Miguel Junior
Para: O Mundo do Trabalho