Como já comentamos em postagens anteriores, o paradigma do
emprego mudou (pelo menos aqui no Brasil). Assim, analisando o mercado de
trabalho, podemos afirmar que vivemos uma época muito diferente a de 10, 15 ou
20 anos atrás. Nesses períodos aconteceram muitas mudanças nos modelos
econômicos e produtivos, com consequências importantes para os dias de hoje. Não pretendo aqui falar sobre os aspectos
históricos disso tudo, mas sobre as consequências. Não me canso de falar aqui
que o mercado de trabalho é maior ou melhor em função do momento econômico, ou
seja, quanto mais a economia se aquece, maior é o número de empregos, de
oportunidades e também a qualidade dos empregos. Hoje, com a economia em melhor
situação do que há 20 anos, o desemprego deixou de ser um problema importante
para o país e para a população. Podemos perceber isso pelo noticiário, onde os
cadernos de economia, por exemplo, não tratam mais essa questão, a não ser por ocasião
de temas específicos que surgem. Então, qual é o problema nos dias de hoje?
O Brasil é muito grande e diferente regionalmente. São
aspectos culturais, econômicos, produtivos, climáticos, etc. Há um mundo
diferente em cada canto e assim, uma região com forte pujança econômica e
produtiva como o Sudeste, se contrapõe com alguns estados do Nordeste. E nessa
característica surge uma situação na questão do emprego muito diferente em cada
um desses lugares. Enquanto na região mais “evoluída” o problema do emprego é
conseguir profissionais melhores capacitados, atualizados com a tecnologia e
discutindo qualidade de vida, outros ainda vivem a possibilidade de “sair da caverna”,
do emprego análogo à escravidão ou ainda conseguir um emprego com carteira
assinada.
O grande desafio do país nos dias de hoje, é encontrar e
executar políticas públicas eficientes, promover educação básica e
profissional, atendendo a demanda atual e futura. O Brasil perde uma enormidade
de oportunidades (causando sofrimento em sua população) quando deixa de
proporcionar educação adequada em sua base, na formação de técnicos
(principalmente) de nível médio e resgatando trabalhadores que outrora foram
muito requisitados, mas não conseguiram acompanhar a evolução dos últimos
anos e hoje estão alijados da cadeia produtiva. Às vezes me sinto pessimista em
relação a isso, que iremos perder o bonde da história novamente e nunca sairmos
do atraso em que sempre vivemos, atrás de outros países com menos recursos
inclusive. Penso nos trabalhadores que de certa forma se iludem com o bom
momento, mas que num futuro não muito distante, correm o risco de perder tudo
no primeiro abalo da economia, de ruírem como um castelo de cartas.
O novo paradigma do emprego exige a busca constante por
aprendizado, informação, capacitação profissional e sem esquecer-se da educação
formal. A conquista de espaço profissional, das melhores oportunidades, das
melhores condições de trabalho, dos melhores salários e benefícios passam
necessariamente pela evolução dos profissionais e cabe a cada um cuidar disso
individualmente e também cuidar coletivamente para que aqueles que comandam a
economia indiquem os caminhos corretos para o país. Aos empregadores cabe
também colaborar na evolução dos profissionais, já que em algum momento seu
empreendimento pode sofrer consequências desastrosas pela falta de gente
preparada para os tempos de hoje. A “luta de classes” é coisa que está ficando
no passado, empregado e empregador hoje devem se aliar, são sócios! Quando um
ganha o outro também deve ganhar e assim ambos trabalham para o sucesso! Não é
a toa que menciono isso. A cada dia percebemos que os sindicatos, por exemplo,
não conseguem mais mobilizar o tanto de trabalhadores de antes, mesmo com uma
estrutura muito maior e mais poderosa. Isso acontece porque o tema do
desemprego (sua grande bandeira) está esvaziado e ainda não acharam novos temas
importantes e capazes de mobilizar uma população de trabalhadores. O paradigma
mudou e quem não perceber isso está fadado a fracassar, sejam trabalhadores,
empregadores ou poder público.
Por Nelson Miguel Junior
Por Nelson Miguel Junior
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