ANO XVI

ANO XVI - Dezesseis anos informando sobre o mundo do trabalho

terça-feira, 23 de julho de 2013

MUDANÇA NO PARADIGMA DO EMPREGO

Como já comentamos em postagens anteriores, o paradigma do emprego mudou (pelo menos aqui no Brasil). Assim, analisando o mercado de trabalho, podemos afirmar que vivemos uma época muito diferente a de 10, 15 ou 20 anos atrás. Nesses períodos aconteceram muitas mudanças nos modelos econômicos e produtivos, com consequências importantes para os dias de hoje.  Não pretendo aqui falar sobre os aspectos históricos disso tudo, mas sobre as consequências. Não me canso de falar aqui que o mercado de trabalho é maior ou melhor em função do momento econômico, ou seja, quanto mais a economia se aquece, maior é o número de empregos, de oportunidades e também a qualidade dos empregos. Hoje, com a economia em melhor situação do que há 20 anos, o desemprego deixou de ser um problema importante para o país e para a população. Podemos perceber isso pelo noticiário, onde os cadernos de economia, por exemplo, não tratam mais essa questão, a não ser por ocasião de temas específicos que surgem. Então, qual é o problema nos dias de hoje?
O Brasil é muito grande e diferente regionalmente. São aspectos culturais, econômicos, produtivos, climáticos, etc. Há um mundo diferente em cada canto e assim, uma região com forte pujança econômica e produtiva como o Sudeste, se contrapõe com alguns estados do Nordeste. E nessa característica surge uma situação na questão do emprego muito diferente em cada um desses lugares. Enquanto na região mais “evoluída” o problema do emprego é conseguir profissionais melhores capacitados, atualizados com a tecnologia e discutindo qualidade de vida, outros ainda vivem a possibilidade de “sair da caverna”, do emprego análogo à escravidão ou ainda conseguir um emprego com carteira assinada.
O grande desafio do país nos dias de hoje, é encontrar e executar políticas públicas eficientes, promover educação básica e profissional, atendendo a demanda atual e futura. O Brasil perde uma enormidade de oportunidades (causando sofrimento em sua população) quando deixa de proporcionar educação adequada em sua base, na formação de técnicos (principalmente) de nível médio e resgatando trabalhadores que outrora foram muito requisitados, mas não conseguiram acompanhar a evolução dos últimos anos e hoje estão alijados da cadeia produtiva. Às vezes me sinto pessimista em relação a isso, que iremos perder o bonde da história novamente e nunca sairmos do atraso em que sempre vivemos, atrás de outros países com menos recursos inclusive. Penso nos trabalhadores que de certa forma se iludem com o bom momento, mas que num futuro não muito distante, correm o risco de perder tudo no primeiro abalo da economia, de ruírem como um castelo de cartas.

O novo paradigma do emprego exige a busca constante por aprendizado, informação, capacitação profissional e sem esquecer-se da educação formal. A conquista de espaço profissional, das melhores oportunidades, das melhores condições de trabalho, dos melhores salários e benefícios passam necessariamente pela evolução dos profissionais e cabe a cada um cuidar disso individualmente e também cuidar coletivamente para que aqueles que comandam a economia indiquem os caminhos corretos para o país. Aos empregadores cabe também colaborar na evolução dos profissionais, já que em algum momento seu empreendimento pode sofrer consequências desastrosas pela falta de gente preparada para os tempos de hoje. A “luta de classes” é coisa que está ficando no passado, empregado e empregador hoje devem se aliar, são sócios! Quando um ganha o outro também deve ganhar e assim ambos trabalham para o sucesso! Não é a toa que menciono isso. A cada dia percebemos que os sindicatos, por exemplo, não conseguem mais mobilizar o tanto de trabalhadores de antes, mesmo com uma estrutura muito maior e mais poderosa. Isso acontece porque o tema do desemprego (sua grande bandeira) está esvaziado e ainda não acharam novos temas importantes e capazes de mobilizar uma população de trabalhadores. O paradigma mudou e quem não perceber isso está fadado a fracassar, sejam trabalhadores, empregadores ou poder público. 

Por Nelson Miguel Junior

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