Há aproximadamente 5 anos o IBGE
vinha testando a implantação de uma nova metodologia para medir o desemprego e
outros indicadores nessa área, a PNAD Contínua, já iniciada neste ano, mais abrangente
e mais próxima da realidade, substituindo a PME – Pesquisa Mensal de Emprego,
que seria abolida definitivamente no final de 2014. Não comentarei neste
momento as diferenças entre uma e outra metodologia, pois já discutimos aqui em
postagens anteriores, mas sabemos que a PNAD Contínua por ser mais abrangente,
mostra resultados um pouco mais próximos da verdade.
Na PME, o desemprego que se
apresentava na casa dos 5%, passou na PNAD contínua, mostrar um número próximo
a 8%. (nesse patamar, as metodologias do DIEESE e da SEADE apresentavam um
número que ultrapassava os 10%).
Recentemente um grave problema no
IBGE veio a público. Diretores e técnicos reclamaram da ingerência política no
órgão e uma ordem da então ministra da Casa Civil para que a PNAD Contínua não
fosse mais divulgada, já que apresenta números maiores e isso não é
interessante eleitoralmente (já que estamos em ano eleitoral). Esse é um fato
muito, mas muito grave, pois órgão como o IBGE não pode e não deve sofrer
qualquer interferência política, principalmente no que se refere à manipulação
de dados (vide recente caso da pesquisa do IPEA sobre “estupro”). Segundo
divulgado na imprensa o governo está ressuscitando a PME e enterrando a PNAD
Contínua, simplesmente pelo fato desta última apresentar informações que
desagradam os planos eleitorais do governo.
O desemprego no Brasil não é tão
baixo como dizem, principalmente entre os mais jovens e os mais velhos. Um país
não pode estabelecer políticas públicas baseado em informações oficiais
distorcidas, em números que não correspondem à realidade. Em virtude disso,
diretores e técnicos do IBGE denunciaram a situação e ameaçaram demitir-se.
Vamos torcer para que a situação volte a normalidade e que entidades públicas
como o IBGE e o IPEA não tenham sua
credibilidade jogada no lixo, como parece que estão fazendo.
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