ANO XVI

ANO XVI - Dezesseis anos informando sobre o mundo do trabalho

domingo, 4 de maio de 2014

O CASO DAS METODOLOGIAS PARA MEDIR O DESEMPREGO

Há aproximadamente 5 anos o IBGE vinha testando a implantação de uma nova metodologia para medir o desemprego e outros indicadores nessa área, a PNAD Contínua, já iniciada neste ano, mais abrangente e mais próxima da realidade, substituindo a PME – Pesquisa Mensal de Emprego, que seria abolida definitivamente no final de 2014. Não comentarei neste momento as diferenças entre uma e outra metodologia, pois já discutimos aqui em postagens anteriores, mas sabemos que a PNAD Contínua por ser mais abrangente, mostra resultados um pouco mais próximos da verdade.
Na PME, o desemprego que se apresentava na casa dos 5%, passou na PNAD contínua, mostrar um número próximo a 8%. (nesse patamar, as metodologias do DIEESE e da SEADE apresentavam um número que ultrapassava os 10%).
Recentemente um grave problema no IBGE veio a público. Diretores e técnicos reclamaram da ingerência política no órgão e uma ordem da então ministra da Casa Civil para que a PNAD Contínua não fosse mais divulgada, já que apresenta números maiores e isso não é interessante eleitoralmente (já que estamos em ano eleitoral). Esse é um fato muito, mas muito grave, pois órgão como o IBGE não pode e não deve sofrer qualquer interferência política, principalmente no que se refere à manipulação de dados (vide recente caso da pesquisa do IPEA sobre “estupro”). Segundo divulgado na imprensa o governo está ressuscitando a PME e enterrando a PNAD Contínua, simplesmente pelo fato desta última apresentar informações que desagradam os planos eleitorais do governo.
O desemprego no Brasil não é tão baixo como dizem, principalmente entre os mais jovens e os mais velhos. Um país não pode estabelecer políticas públicas baseado em informações oficiais distorcidas, em números que não correspondem à realidade. Em virtude disso, diretores e técnicos do IBGE denunciaram a situação e ameaçaram demitir-se. Vamos torcer para que a situação volte a normalidade e que entidades públicas como o IBGE e o IPEA não tenham  sua credibilidade jogada no lixo, como parece que estão fazendo.


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